2007/11/30

Marianne

"you know i'd love to live with you
but you make forget so very much
you make me forget to pray to the angels
and then the angels forget to pray for us"
Leonard Cohen

falta

fica sempre qualquer coisa por dizer...
falta-me a assertividade...
nos momentos essenciais, e que para os outros são especiais... consigo arruiná-los por não dizer o que ficava mesmo bem, ou por não dizer nada, ou ainda por dizer a coisa mais disparatada de que me vou envergonhar logo de seguida.

NOTA MENTAL (ah que saudades que eu tinha...)
procurar no Google exercícios para a assertividade.

outro emprestado

e um olhar perdido é tão difícil de encontar
como o é congregar ventos dispersos pelo mar
Ruy Belo

Plano

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Júdice

à falta de deus... fala-se a quem queira ouvir

obrigada pelas greves
pelos dias de descanso,
pelas descompressões
pelo alcool e tabaco que me entopem
obrigada pelos risos e piadas ditas à noite encobertas pelo nevoeiro
obrigada pela desinibição do alcool
e pela sua capacidade de nos sacar as verdades
obrigada também pelas declarações de amor e simpatia tardias
misturadas com o bafo a vinho e o brilho do olhar alterado
pelos abraços dados com mais força que noutra altura qualquer
obrigada pela ressaca que me fará pensar duas vezes quando chegar perto de outro copo.
obrigada pela música péssima das discotecas que nos fazem pensar noutras coisas e observar
pela falta de vergonha de encarar o mundo no dia seguinte
pelas conversas agradáveis em que não entram metafísicas nem balelas
pelos instantes partilhados numa mesa pegajosa
pelas músicas recordadas
pelas recordações que saltam para a nossa frente e nos obrigam a lembrar delas
pela sensação de que aconteça o que acontecer haverá sempre uma mesa suja num bar escuro cheio de fumo à nossa espera

2007/11/27

constatação

este blog está muito tendencioso...
está verde demais para o meu gosto!

it's the end of the world as we know it

Há uma seita religiosa russa fechada numa gruta. São (salvo erro) cerca de 30 pessoas incluindo crianças.
Estão fechadas por uma razão plausível: estão à espera que o mundo acabe. Quando isso acontecer só eles se vão salvar.
Mas quem é que os vai avisar quando o mundo acabar?
Mas se o mundo acabar, eles como parte do mundo não acabarão também?
Da bomba nuclear sabemos que só se safam as baratas, mas como esperarão eles que acabe o mundo? e como é que vão saber se já acabou ou se ainda vai a meio? Já há umas centenas de anos que andamos a tentar dar cabo disto e ainda não conseguimos!!

Dizem os rem:
"it's the end of the world as we know it"

e isso acontece tantas vezes, o mundo, tal como o conhecemos, acabar .
Porque a empregada se despede, porque o telemóvel avaria, porque mudamos de casa, porque mudamos de carro, porque mudamos de café ou de bar...

e há sempre aquele dia (a média é um de seis em seis meses) em que o meu olho desperta (mal), fixa os buracos dos estores e decide que tudo vai mudar a partir daquele momento:
vou a pé para o trabalho (é saudável, ecológico e mais económico),
vou acordar sempre a horas decentes mode aproveitar o tempo em condições.
vou comprar o jornal diariamente e mais importante ainda: LÊ-LO!!!
não vou perder horas agarrada à televisão, quando na verdade já não estou a ver nada, apenas a viajar na minha (muito) doente imaginação.
e pelo menos ao fim de semana o jogging é certo: sábado de manhã, fato de treino, iogurte, encontrar um pedaço de verde, dar uso às pernas, e... comprar a literatura de fim de semana, café, e casa. A bela banhoca e nada de tardes desperdiçadas em séries importadas que se repetem a cada seis meses.
o domingo vai ser produtivo, cinema, livros.. essencialmente cultural. É desta que fico uma mulher (que estranha identificação) dinâmica e interessada no país e no mundo.
nada de comida de plástico (mais uma estranha identificação porque já experimentei o plástico e não sabe ao mesmo), só saladas, peixes cozidos, e vá um bifito de quando em quando, mas grelhado.
vou reduzir no café e o tabaco vai deixar de ser uma dependência.
vou passar a ir à depilação todos os meses, cortar o cabelo de mês e meio em mês e meio.
manicure; chega de unhas roidas e cheias de terra.
não saio de casa sem maquilhagem (a indispensável: tapa olheiras, rímel e talvez um pouco de blush, só para dar uma corzinha). há que defender uma imagem cuidada.
não vou adiar as idas ao dentista.
e muito importante: a partir deste dia não visto roupa velha. e combino sempre cinto, botas e mala. vou passar a ter bom gosto! ser elegante.
vou comprar aneis, fios... jóias! é sempre aquele toque charmoso, elegante, que parecendo que não... faz toda a diferença.

eis se não quando o meu olho (o único até agora aberto) finalmente foca (de focar e não o animal). consigo abrir o outro. tempo. focagem. olho para o lado. zoom. focagem. tempo.

"merda, já não tenho tempo para tomar o pequeno almoço"

banho. roupa (1ª que vier à mão). ténis velhos, que não é preciso apertar, têm o molde perfeito do pé. pegar na mala. descer as escadas a correr. o telemóvel em cima da mesa. tempo. vou ou não buscá-lo? tempo. hesitação. volto atrás. regresso às escadas. a meio uma ideia: as chaves do carro?! onde é que pus?!?!?! subo as escadas enquanto vasculho a mala. vou ao casaco de ontem, à casa de banho (às vezes chego aflita e pouso-as na berma da banheira), dou voltas e voltas. decido ir a pé. regresso às escadas. as chaves estão orgulhosamente na fechadura.

entro no carro e aí vou eu!
e afinal....

o mundo continua o mesmo.

trabalho

a não perder até dia 30 de novembro às 11h e às 15h30 no Pax Julia

2007/11/20

o principezinho


  • Pois, bastava afastar a cadeira dois ou três passos e via o crepúsculo sempre que queria. Um dia vi o pôr-do-sol 43 vezes! Sabes, quando se está muito triste, gosta-se do pôr-do-sol...
  • Então no dia das quarenta e três vezes estavas assim tão triste?

por falar nisso

A inevitabilidade do fim do amor. Ou pelo menos do que ele tem de bom.
... e valerá a pena começar, investir, dar, oferecer com gosto até não podermos mais, para acabar tudo de novo e andarmos de gatas a recolher os pedacinhos que ficaram mais inteiros na explosão, e identificamos como nossos?
Ninguém quer ficar sozinho. Eu não. Sem ninguém com quem comer as sopas de gata à noite antes de desligar o radiador e dobrar a manta direita em cima do sofá e ir para a cama.
Ninguém com quem partilhar o fixador de placa (polident, é assim?), as fraldas para as perdas de urina, quando formos dar longos (serão assim tão longos?) passeios ao parque (existirão ainda?). Alguém com quem partilhar o início do alzheimer e de quem me possa esquecer ao mesmo tempo que se esquece de mim.

...

não sei como dizer-te
o que tenho para te dizer
penso que se usar
as palavras mais simples te vou magoar
no entanto,
se pegar em palavras complicadas,
se tornar a mensagem complexa
podes não chegar ao
que eu quero
que eu preciso
que eu exijo
que entendas
é simples:
desapareceste
nada mais és hoje
que uma sombra
uma fotografia
um cheiro já meio apagado na memória dos cheiros
amei-te
amei-te como não pensei ser possível
amei-te com as minhas forças
todas elas
tudo o que é meu estava comprometido nessa missão
de te tornar meu
de me tornar tua
e houve tempos em que isso aconteceu
em que nos pertencíamos
sem nos dominarmos
sem conseguir impor limites no campo das pertenças
chegou agora ao fim
não és mais que uma doce recordação
de um toque forte
de umas mãos que agarram o corpo do outro
caíste da minha memória abaixo
entraste em desequilíbrio
e não te conseguiste segurar
desabaste do meu coração abaixo
sem eu querer,
sem eu dar sequer conta que te encontravas em perigo
e agora já é tarde para te levantares e voltares a tentar
tens aqui a minha mão
segura-a com força
põe-te de pé
coloca as tuas bases no chão,
mas atenção,
tem de ser um chão seguro
longe de pântanos e lamaçais
que nos traem à primeira distracção
quando tiveres recuperado o teu equilíbrio
deixarás de me ver
também eu me tornarei a sombra que tu és para mim
e sem recordações que magoam
sem nada de mau que te ensombre
despedimo-nos
largas a minha mão
eu não vejo mais a tua
e cada um segue o seu caminho
seguro
calmo
sem sobressaltos

2007/11/18

pirúm II


pirúm

atrás de mim homens a beber e a falar alto e oiço:
"agora plo natal agenti tem de comprar é um pirúm!"

voltamos sempre ao mesmo

no meio de tanta gente, com tantas opções, vidas, formas de estar, pensar, ser; todas tão diferentes, tão díspares umas das outras, o que nos preocupa acaba por ser o mesmo.

AS RELAÇÕES
  • quem está ao nosso lado,
  • ou não está e queríamos que estivesse,
  • ou não está, nós queríamos, mas não sabemos bem em que condições.
  • ou está e o melhor era que não estivesse
  • ou está e queremos que esteja mas não como está.
independentemente da situação, o que nos liga é este medo terrivel de estar sozinhos, se não de estar pelo menos de ficar.

soluções...?

...


desaparecer, transformar em pó
dividir-me pelos canais do vento que me levem para longe
para um sítio onde possamos estar,
onde possamos estar os dois,
eu ou a que invento todos os dias
tu ou o que imagino que tu sejas.
um ser mais perfeito, dois seres mais perfeitos,
menos humanos
quero que sejas outro, aquilo que eu vejo quando te vejo
porque há vezes, e são muitas, em que olho e não vejo.
apenas assisto.
e enquanto assisto, desisto

2007/11/15

o meu lado felino.... grrrrrr


ontem tive um súbito desejo de subir aos telhados e miar...
e quase que consegui!!

é pena, mas verdade

o tempo passa a correr...
mais ainda agora que anoitece cedo
pôr do sol de outro ponto de vista. este fui copiá-lo a http://naovouporai.blogs.sapo.pt/

bonito não? é outra forma de O ver (com letra grande pois claro). os únicos que o podem apreciar:

Última Oportunidade

primeiro e mais importante que tudo:

dois ultimos espectáculos de SANGUE PISADO hoje e amanhã às 22h na sala estúdio do Pax Júlia.

2007/11/13

E porque hoje já é dia 13

amanhã é dia 14, se nada correr mal.
O importante do dia de hoje é que é véspera de amanhã, como convem.
E amanhã há espectáculo no Pax Julia!!!!

2007/11/12

outro

Não ia suportar saber-te apaixonado por mim, a sofrer. Parece-me perfeitamente escusado esse tipo de lamechices. Quero-te sem mais nada, só o teu corpo, se não fosse o teu, seria o de outro.
Não te quero ver feliz por me encontrares, antes um olhar indiferente, dois beijos iguais aos outros que dás durante o dia. Não te quero triste porque fui menos simpática, ou não atendi o telefone. Quero-te como és sem mim, como se eu não existisse, como se não nos conhecêssemos, sem condicionantes, sem ses.
Quando conseguires estar sem estas cordas que te prendem, que te amarram a uma forma de estar, de comportar, aí ficarei... não digo feliz, porque o que quero é que a nossa felicidade não dependa um do outro. O estarmos juntos é só um acontecimento, um facto sem valor, não é determinante. Só assim poderemos estar.

update

e o tempo passa tão depressa.
já lá vão muitos meses desde que escrevi os dois posts anteriores.
se calhar por isso não me transtorna publicá-los.
passou o prazo.
as novas tecnologias, pouco a pouco, vão fazendo as pazes comigo e eu com elas.
lentamente regressa tudo à normalidade, (à normalidade possivel).

isto já é de há tanto tempo

O importante é não gostarmos um do outro, disse ela sorrindo.
Manter tudo isto no plano do acaso, do encontro fortuito, do porque sim sem mais justificação. É mais fácil e não corremos o risco de estragar tudo.

O amor atrapalha, vem sujar tudo com sentimentos que não controlamos, com mal entendidos, mágoas, sofrimentos evitáveis e escusos.
É tudo tão mais fácil se conseguirmos não gostar um do outro. Por mim te garanto que me esforço.

Não esquecer


Dias 14, 15 e 16 de Novembro às 22h00, no Pax Julia, Teatro Municipal

2007/11/02

daí o sentimento nautico

aqui tão perto do mar e nem o oiço.
satisfaz-me pensar que está perto...
isto de andar com a casa às costas, de sair do sitio por uns dias, de achar lugares que não lembravam ao diabo, de ver caras diferentes...
aaaahhhh...
dá um gozo bestial.
hoje gosto da minha vida!