Há uma seita religiosa russa fechada numa gruta. São (salvo erro) cerca de 30 pessoas incluindo crianças.
Estão fechadas por uma razão plausível: estão à espera que o mundo acabe. Quando isso acontecer só eles se vão salvar.
Mas quem é que os vai avisar quando o mundo acabar?
Mas se o mundo acabar, eles como parte do mundo não acabarão também?
Da bomba nuclear sabemos que só se safam as baratas, mas como esperarão eles que acabe o mundo? e como é que vão saber se já acabou ou se ainda vai a meio? Já há umas centenas de anos que andamos a tentar dar cabo disto e ainda não conseguimos!!
Dizem os rem:
"it's the end of the world as we know it"
e isso acontece tantas vezes, o mundo, tal como o conhecemos, acabar .
Porque a empregada se despede, porque o telemóvel avaria, porque mudamos de casa, porque mudamos de carro, porque mudamos de café ou de bar...
e há sempre aquele dia (a média é um de seis em seis meses) em que o meu olho desperta (mal), fixa os buracos dos estores e decide que tudo vai mudar a partir daquele momento:
vou a pé para o trabalho (é saudável, ecológico e mais económico),
vou acordar sempre a horas decentes mode aproveitar o tempo em condições.
vou comprar o jornal diariamente e mais importante ainda: LÊ-LO!!!
não vou perder horas agarrada à televisão, quando na verdade já não estou a ver nada, apenas a viajar na minha (muito) doente imaginação.
e pelo menos ao fim de semana o jogging é certo: sábado de manhã, fato de treino, iogurte, encontrar um pedaço de verde, dar uso às pernas, e... comprar a literatura de fim de semana, café, e casa. A bela banhoca e nada de tardes desperdiçadas em séries importadas que se repetem a cada seis meses.
o domingo vai ser produtivo, cinema, livros.. essencialmente cultural. É desta que fico uma mulher (que estranha identificação) dinâmica e interessada no país e no mundo.
nada de comida de plástico (mais uma estranha identificação porque já experimentei o plástico e não sabe ao mesmo), só saladas, peixes cozidos, e vá um bifito de quando em quando, mas grelhado.
vou reduzir no café e o tabaco vai deixar de ser uma dependência.
vou passar a ir à depilação todos os meses, cortar o cabelo de mês e meio em mês e meio.
manicure; chega de unhas roidas e cheias de terra.
não saio de casa sem maquilhagem (a indispensável: tapa olheiras, rímel e talvez um pouco de blush, só para dar uma corzinha). há que defender uma imagem cuidada.
não vou adiar as idas ao dentista.
e muito importante: a partir deste dia não visto roupa velha. e combino sempre cinto, botas e mala. vou passar a ter bom gosto! ser elegante.
vou comprar aneis, fios... jóias! é sempre aquele toque charmoso, elegante, que parecendo que não... faz toda a diferença.
eis se não quando o meu olho (o único até agora aberto) finalmente foca (de focar e não o animal). consigo abrir o outro. tempo. focagem. olho para o lado. zoom. focagem. tempo.
"merda, já não tenho tempo para tomar o pequeno almoço"
banho. roupa (1ª que vier à mão). ténis velhos, que não é preciso apertar, têm o molde perfeito do pé. pegar na mala. descer as escadas a correr. o telemóvel em cima da mesa. tempo. vou ou não buscá-lo? tempo. hesitação. volto atrás. regresso às escadas. a meio uma ideia: as chaves do carro?! onde é que pus?!?!?! subo as escadas enquanto vasculho a mala. vou ao casaco de ontem, à casa de banho (às vezes chego aflita e pouso-as na berma da banheira), dou voltas e voltas. decido ir a pé. regresso às escadas. as chaves estão orgulhosamente na fechadura.
entro no carro e aí vou eu!
e afinal....
o mundo continua o mesmo.
Estão fechadas por uma razão plausível: estão à espera que o mundo acabe. Quando isso acontecer só eles se vão salvar.
Mas quem é que os vai avisar quando o mundo acabar?
Mas se o mundo acabar, eles como parte do mundo não acabarão também?
Da bomba nuclear sabemos que só se safam as baratas, mas como esperarão eles que acabe o mundo? e como é que vão saber se já acabou ou se ainda vai a meio? Já há umas centenas de anos que andamos a tentar dar cabo disto e ainda não conseguimos!!
Dizem os rem:
"it's the end of the world as we know it"
e isso acontece tantas vezes, o mundo, tal como o conhecemos, acabar .
Porque a empregada se despede, porque o telemóvel avaria, porque mudamos de casa, porque mudamos de carro, porque mudamos de café ou de bar...
e há sempre aquele dia (a média é um de seis em seis meses) em que o meu olho desperta (mal), fixa os buracos dos estores e decide que tudo vai mudar a partir daquele momento:
vou a pé para o trabalho (é saudável, ecológico e mais económico),
vou acordar sempre a horas decentes mode aproveitar o tempo em condições.
vou comprar o jornal diariamente e mais importante ainda: LÊ-LO!!!
não vou perder horas agarrada à televisão, quando na verdade já não estou a ver nada, apenas a viajar na minha (muito) doente imaginação.
e pelo menos ao fim de semana o jogging é certo: sábado de manhã, fato de treino, iogurte, encontrar um pedaço de verde, dar uso às pernas, e... comprar a literatura de fim de semana, café, e casa. A bela banhoca e nada de tardes desperdiçadas em séries importadas que se repetem a cada seis meses.
o domingo vai ser produtivo, cinema, livros.. essencialmente cultural. É desta que fico uma mulher (que estranha identificação) dinâmica e interessada no país e no mundo.
nada de comida de plástico (mais uma estranha identificação porque já experimentei o plástico e não sabe ao mesmo), só saladas, peixes cozidos, e vá um bifito de quando em quando, mas grelhado.
vou reduzir no café e o tabaco vai deixar de ser uma dependência.
vou passar a ir à depilação todos os meses, cortar o cabelo de mês e meio em mês e meio.
manicure; chega de unhas roidas e cheias de terra.
não saio de casa sem maquilhagem (a indispensável: tapa olheiras, rímel e talvez um pouco de blush, só para dar uma corzinha). há que defender uma imagem cuidada.
não vou adiar as idas ao dentista.
e muito importante: a partir deste dia não visto roupa velha. e combino sempre cinto, botas e mala. vou passar a ter bom gosto! ser elegante.
vou comprar aneis, fios... jóias! é sempre aquele toque charmoso, elegante, que parecendo que não... faz toda a diferença.
eis se não quando o meu olho (o único até agora aberto) finalmente foca (de focar e não o animal). consigo abrir o outro. tempo. focagem. olho para o lado. zoom. focagem. tempo.
"merda, já não tenho tempo para tomar o pequeno almoço"
banho. roupa (1ª que vier à mão). ténis velhos, que não é preciso apertar, têm o molde perfeito do pé. pegar na mala. descer as escadas a correr. o telemóvel em cima da mesa. tempo. vou ou não buscá-lo? tempo. hesitação. volto atrás. regresso às escadas. a meio uma ideia: as chaves do carro?! onde é que pus?!?!?! subo as escadas enquanto vasculho a mala. vou ao casaco de ontem, à casa de banho (às vezes chego aflita e pouso-as na berma da banheira), dou voltas e voltas. decido ir a pé. regresso às escadas. as chaves estão orgulhosamente na fechadura.
entro no carro e aí vou eu!
e afinal....
o mundo continua o mesmo.
Subscrevo na íntegra, tirando a parte dos seis meses, pois, comigo a média é mais baixa…tipo dois meses.
ResponderEliminarhst