2008/12/01

novamente domingo...

  • podia começar uma rúbrica semanal intitulada: "É domingo no Mundo". chega ao domingo e é sempre esta frase que me vem à cabeça.
  • o domingo é o dia em que o mundo mais ou menos pára (excepto as pessoas que trabalham para o senhor Belmiro de Azevedo... hummm... 56% da população, pelas minhas contas... o que até é uma vantagem porque há sempre um centro comercial ou um hipermercado para matarmos o tédio de ser domingo e passearmos o nosso fato de treino).
  • Hoje há um festival de bandas na casa da cultura, já deixei aqui o cartaz. não fui porque é domingo, estou preguiçosa, tenho frio... e podia inventar mais uma série de desculpas, mas a verdade é que estou mesmo é com muita preguiça.
  • estou esparramada no sofá, com uma manta e o aquecedor bem pertinho. foi um fim de semana estranho. de extremos. ora muito bem, ora muito mal.
  • ouvi hoje jorge palma (o que não é nada de extraordinário, porque é recorrente), e numa música ele fala nas "dores de crescer". a minha teoria de que a adolescência não termina nunca. de que as dúvidas existenciais se prolongam para lá do suportável, o desejo de encaixe, de dar cabo do vazio e da solidão, de nos sentirmos únicos e, por isso mesmo, meio patetas e alienados, continua a fazer-me muito sentido:
Quando nos julgamos já crescidos, capazes de lidar com a dureza da pedra, quando já só entregamos a capacidade de nos desiludir a alguns, quando escolhemos muito bem (pensamos nós) com quem nos damos, porque assim evitamos danos maiores, quando já desenvolvemos uma série de tácticas de defesa para nos protegermos do mundo... as quedas e as pancadas são muito maiores. Porque nos julgamos já mais seguros, mais protegidos pela casca
"(...) e como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protectora (...)"
as dores de crescer acompanham-nos. são duras. doem de uma forma alucinante. a desilusão, a traição são intolávereis, magoam fundo e mesmo que não queiramos, deixam cicatrizes fundas. e no entanto, são um bom sintoma:
continuamos vivos
por dentro. as coisas mexem. não perdemos a capacidade de sentir, de nos iludirmos. a ingenuidade ainda cá mora, pelo menos um bocadinho. ainda acreditamos. a inocência ainda lá está, nalgum cantinho. e assim sabemos que vale a pena continuar por cá.

4 comentários:

  1. a inocencia vai sobrevivendo às desilusões mas fica cada vez mais espertinha! ;)

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  2. regresso à inocência, tirar as máscaras, "Despe-te!", diz o Grande Eugénio

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  3. Antes dizia muito que o melhor da vida são as desilusões: provam que ainda não perdemos a capacidade de nos iludirmos!

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  4. pois, parece que concordamos todos. o pior é segurar o embate quando ele chega! ... ;-)

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