2007/09/05

podia... se conseguisse

podia dizer-te tantas coisas,
no entanto, quando te vejo nada me ocorre.
e treino em voz alta, para os espelhos, paredes, o que te vou dizer na próxima vez em que te vir, nas alturas em que tu não vens e eu te espero.
E quando tu vens, tudo o que te tinha para te dizer,
as frases que eu tinha preparado e decorado com tanto afinco
que soavam tão bem aos ouvidos dos espelhos e das paredes e dos moveis para quem eu as dizia nos dias em que te esperava,
desaparecem
e na minha cabeça ficam só as imagens que entram pelos meus olhos
as palavras que entram pelos meus ouvidos
os teus sorrisos que me entram pela alma adentro e arrebatam tudo pelo caminho
fico com a sensação de que tinha algo para te dizer, mas não passa disso mesmo,
uma sensação não especificada,
não objectiva
que sacudo assim que posso
porque nos dias em que vens procuro não ter mais nada a ser tu a perturbar-me
quero todo o meu espaço, tudo o que eu sou enquanto ser receptor de estímulos e sinais, concentrado em absorver tudo o que me dás.
E então nos dias em que te espero, treino e ensaio, o que sei que vou esquecer nos dias em que vens e te quero tanto que me esqueço de tudo.

1 comentário:

  1. Queria, desejava tanto, que as palavras que escrevo se fizessem imagens claras e definidas como as tuas.

    Queria, desejava tanto, que as metáforas se vestissem com a serenidade das tuas...

    Grande Poetisa! Força!

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