2013/02/04

de uma coisa

me tem valido esta coisa de ser taberneira: ouvir música. conhecer coisas novas. quando digo novas não quer dizer exactamente novas, que sou avessa ao moderno electrónicópópmarteladócoiso. 
se entretanto ouvi com ouvidos de ouver lou reed, nick cave agora chegou a vez do iggy pop.

Parece que estamos mesmo a voltar atrás no tempo, mas com tecnologia. as pessoas estão a ir-se embora. os que cá ficam estão tristes e cabisbaixos, alguns. outros zangados, sob pressão à espera do momento em salta a tampa e pah!
e saltará a tampa? somos mesmo capazes de ficar zangados a sério e em vez de bater na mulher ou não ter paciência prós miúdos ou beber até cair à sexta e ao sábado já que no resto da semana temos mesmo de acordar cedo senão nem a miséria mensal vai chegar à conta que abrimos no bpi mas que agora queremos fechar porque a besta só diz disparates e depois pensamos para que é que hei-de fechar a merda da conta por causa do dono daquilo que só diz disparates? os donos dos outros não os dizem mas pensam-nos e isso se calhar ainda é pior. ou não será? 
dizia eu. se em vez de maltratar os outros ou o nosso próprio corpo nos zangássemos mesmo com quem nos devemos zangar e se fossemos todos zangados ao mesmo tempo para o mesmo espaço? e se expressássemos a nossa zanga colectiva de forma eloquente, tão eloquente e tão alto que até o senhor do bpi nos ia ouvir e ia ter medo. porque o problema destes tipos é não terem medo, é a segurança que sentem dentro dos seus fatos cortados e cosidos à medida e dos sapatos italianos (se ainda são esses que estão na moda) e atabafados no banco de trás de um qualquer carro de alta cilindrada com um motorista que recebe uma miséria, mas em contrapartida não paga as multas por excesso de velocidade nem vê a carta caçada. sem o sentido de impunidade com que estas bestas se passeiam de reunião em reunião de quadros de administração de empresas que eles nem sequer sabem sequer do que são, com os gigantes rabos em cadeiras que coleccionam com a avidez de  quem tem sede há muito tempo e vê um copo de água, sem isso não era assim. 
era de outra maneira, eu sei. mas não era assim.
por saberem que ninguém sabe e então não faz mal - e mesmo que saibam?! os outros fazem o mesmo, parvo seria eu se dissesse que não às 72 empresas que me arranjaram para administrar - não lhes custa coleccionar cheques e transferências bancárias ao fim do mês. como se não fizesse mal. 
é por serem inimputáveis que estes senhores cometem os crimes que cometem. barbaridades seguidas de barbaridades. 
é por isso que eles podem escrever as leis que sabem como contornar. e depois de as escreverem a peso de ouro, vendem os segredos para desvendá-las. defendem os criminosos apanhados nas malhas das leis que eles próprios inventaram. e depois são ministros. e secretários de estado.  não sem antes passar por duas ou três empresas. não sem antes garantir que quando o governo for abaixo há mais cinco ou seis a esgravatarem os olhos umas das outras para os conseguir contratar. porque há contactos que ficam, há amizades que se fazem, há conhecimentos que se têm. e depois há as reformas que se acumulam. umas em cima das outras. até ser tanto dinheiro que não se sabe se vem de um sítio se vem do outro - e se der ainda acumulo com o part- time que arranjei no governo.

e depois claro, podem abolir feriados, que a malta precisa do dinheiro e vai trabalhar na mesma e ainda defende a causa. pois se recebo a dobrar ou quadruplicar, não havia de ir. e não havia de aproveitar as promoções?! é certo que fiquei sem um olho e com um braço ao peito, mas a linguiça era minha, a cabra não tinha que ma vir tirar da mão. 
e podem exaltar o valor dos sem abrigo que são resistentes. ou dos ainda têm abrigo, mas por pouco tempo. ou então eu não percebi o que ele queria dizer. ou eu então eu acho que ele só nos quer esfregar na cara que pode dizer e fazer o que quiser que nós ficamos na mesma sentadinhos no sofá a dar graças por ter conseguido pagar à edp este mês senão não conseguíamos ver a expulsão da Fanny na casa dos segredos.
e podem esquecer-se de declarar milhões que ganham de formas tão pouco claras quantas as razões que levam o fisco que não perdoa ninguém vir perdoá-lo por se esquecer. coitado. com tantos milhões, escaparam-lhe aqueles. 

desligo o iggy pop e ponho o rodrigo leão.

é muito mais a minha praia. e eu também não sei falar de política. mas estou mesmo zangada.



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