2011/04/26

"Maior Que o Pensamento"


Um documentário em três partes sobre o Zeca e claro sobre nós, portugueses, sobre Portugal. Antes de mais nada: os meus parabéns ao Joaquim Vieira, que não conheço, mas que é o responsável por me prender à RTP nas últimas duas noites, o que, com certeza, se repetirá amanhã, quando passar a última parte deste excelente trabalho.

E fomos tão felizes naquele dia! Como é possível ver aquelas imagens, ouvir a emoção nas vozes e não sentir um orgulho imenso, uma emoção no peito, uma esperança de que se cumpra, um dia, o Abril que foi sonhado há 37 anos?

Atravessamos períodos confusos, difíceis e de grande desesperança, mas será posssível pensar-se que estávamos melhor se os militares se tivessem deixado estar sossegados nos quartéis? Ganhemos juízo! Pensemos seriamente sobre os disparates que se dizem quando estamos zangados com o estado das coisas. Nós não sabemos ainda (!) lidar com a democracia ou com a liberdade. É muito confuso e difícil, exige-nos que pensemos e que tomemos decisões e que sejamos cidadãos activos e isso obriga-nos a saber o que se passa à nossa volta, a saber da nossa história, a estarmos informados e a decidirmos. Coisas complicadas, que nos tomam tempo e não nos ensinaram a ser assim. Ovelhas alienadas é o que temos sido. Ovelhas pacientes e bem mandadas. As mortes, o sofrimento, a fome, a desgraça que foram precisas para chegarmos àquele dia!

Já chega de ovelhice. Temos de saber o que queremos para podermos chegar lá.

Quando alguém fala do 25 de abril como se setratasse de uma contecimento menor ou mau, quando alguém diz que mais valia termos estado quietos, quando diz que o que nos faz falta não é animar malta, mas outro salazar... só resta crer que quem o diz, é profundamente ignorante. Uma ignorância tão profunda que o faz estar alheado de uma realidade que foi nossa o que, necessariamente, o faz estar alheado desta, que é a realidade de agora.
E isso só nos pode fazer ficar tristes. E dá-nos a obrigação de ensinar-lhe e mostrar-lhe que estamos tão melhor agora!

Se podemos fazer mais e melhor? Com toda a certeza! Ganhemos ânimo e força e vontade.
Não esqueçamos o 25 de Abril. Não deixemos de festejar, de comemorar, de ouvir e ler o Zeca e o Zé Mário e o Adriano e o Fausto e a Sophia e o Alegre e o Ari e o Fanha e o Godinho e tantos, tantos outros!
E para aqueles que não sabem quem foram, ofereçamos livros e cravos.*

25 de Abril Sempre!

* Ou ida ao cinema ver o documentário "48" sobre o qual li críticas excelentes e que me mordo se não conseguir ver.
"Cansados de ler os proverbiais "colunistas de direita" semana sim semana não a lembrarem que nasceram depois do 25 de Abril como se isso os desimplicasse de alguma coisa, "48" é o filme da implicação absoluta, independentemente da data de nascimento. E fá-la (ou fala-a, sem a "dizer") apenas através de um minucioso trabalho sobre as suas formas e sobre os seus materiais. Se isto não é "mais cinematográfico", o que raio será. " (excerto da crítica de Luís Miguel Oliveira no Ípsilon e deixo aqui também a crítica do Expresso e deixo também os videos disponíveis no Youtube, porque vale a pena - sim, foi cá em Portugal, o país dos brandos costumes).



2 comentários:

  1. E poderia ter sido este texto a crónica do post acima...é isto mesmo chéri, isto mesmo e há que o gritar a todos quantos ainda não o conseguiram entender. Um beijo por este património escrito. :-)

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  2. Pois podia sim senhora, mas sabes que estas coisas não saem quando a gente quer... é quando elas querem! ;-) beijos

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