2011/02/28

O surto psicótico ou como o meu gato me fez refém #4




Episódio Anterior:

O Manel tem a segunda fase do ataque e finalmente liberta o meu palácio da sua presença assassina. Posso finalmente respirar fundo, desde que as portas e as janelas estejam fechadas e não haja o perigo de ele voltar.






Segunda à noite:

um "miu" insistente, reiste e desolado vinha da rua. Fui à janela do quarto (1º andar) e ali estava ele: com o ar mais triste do mundo, debaixo de um carro, em frente à casa da vizinha (baralhou-se - o que é estranho, porque a vizinha tem um cãozarrão enorme que acabava com ele num instante). Tinha só a cabecinha de fora e miava, miava....
Eu resisti ao impulso de lhe pôr a tijela da comida e da água à porta. Não foi difícil de resistir, porque estava cheia de medo do bicho.
Terça e quarta não dei por ele: nem miados, nem gritos, nada! Fui à janela todos os dias, mantive-me atenta, mas do Manel nem sinal.

Quinta de manhã, saí de casa sem olhar para os lados como nos dias anteriores, porque na minha cabeça, o Manel tinha ido à vida dele. Tinha ido às gatas e se voltasse, seria uns dias mais tarde.
Aliado a esta sensação de segurança (porque ele estava longe) um sentimento de culpa brutal: o desgraçado, ainda que esquizofrénico, nunca tinha estado na rua. Não se sabia valer e na prática o que eu tinha feito era abandonar o bicho na rua. Ainda que, na verdade, não tivesse outra opção.
Eis senão quando tiro o carro do estacionamento e oiço um barulho no motor: nada de alarmante, o carro é velho e depois de perder o escape três vezes, se o motor caísse era chato, mas não surpreendente. Olho para o lado e vejo o sacana do Manel a sair de debaixo do meu carro e a fugir.

De notar que o carro nem sequer estava parado à porta de casa, mas muito mais à frente. Ainda saí do carro e tentei ver onde estava, quando me apercebi que estava cheia de medo que ele viesse ter comigo. E então fugi eu: meti-me no carro e ala.

Nessa noite procurei-o, na segurança da minha janela de primeiro andar e não vi nada. Do Manel não se ouvia um "miu".

Próximo capítulo:

A história chega ao fim. O Manel volta a casa? Encontra uma nova família? Acalmou ou voltou a casa com mulher e filhos? Não perca, já a seguir....

2 comentários:

  1. Quando era moça nova também tive um gato lá por casa. Adoravamos o bicho, era daqueles tigrados, muito brincalhão, louco mesmo! Um dia desapareceu e andámos uns quantos amigos à procura dele. Apareceu! Um dia "atirou-se" da varanda do 2ºandar, certamente para ir às gatas, e nunca mais voltou...
    Foi quando comecei a gostar realmente dos bichos a olhar para eles de outra forma.
    Se calhar o Manel passou-se! acontece às pessoas também :)

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