Toda a gente sabe que a melhor maneira de curar um coração partido ou a solidão crónica é ver filmes. mergulhar de cabeça num enredo mais ou menos complicado do aquele que estamos a viver. Absorver as imagens, tentar adivinhar o que se vai passar. descobrir uma boa música, esperar pelos créditos finais para descobrir de quem é. e passar uns dias assim, afundada no sofá, enrolada em mantas, a secar roupa no aquecedor e a desejar que o xixi aguente mais cinco minutos para não ter de sair do quente tantas vezes. controlar os liquidos ingeridos pela mesma razão.
uma noite haverá em que se decide a comprar uma garrafa de tinto. hesita em abri-la. podia muito bem emborcá-la de uma vez e aí seria o fim da vida como a conheceu até aí.
fica contente por não ter enchido muito copo. é bom manter a consciência.
a cada cinco ou sete minutos de filme é assaltada por uma sensação de vazio. a casa está vazia. o peito é uma espécie de túnel de vento. é então que a hipótese da garrafa, já rolhada, se desenrolhar e voltar a ouvir-se o som do vinho a cair no copo, parece mais tentadora. resiste. disparate. tentador. mas um disparate.
mais um golo não vai fazer mal. aconchega.
não se concretiza nada. não chega a conclusões. não chega a nada. e sabe que é assim. pelas duzentas e cinquenta e três anteriores foi assim. E um dia, acorda e já não precisa de ligar o dvd, nem está tanto frio. E já juntou uma boa colecção de canções novas para ouvir até à exaustão. perdeu o rasto às novelas. não sabe nada do mundo, porque os telejornais eram proibidos. E afinal as calças ainda servem. a vida continuou e não há danos de maior a registar.
olá! Eu também passei uma noite caseira, mas com o pc ligado. Fui ao café, mas por pouco tempo. Ontem de tarde, ouvi um pouco de Beatles, que me soube muito bem. beijos e um abraço. força! bom fim de semana
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