... que insiste em viver dentro de mim, ou se calhar é eu mesmo e eu ainda não me apercebi, há também um outro personagem (e sim, estou a falar de múltiplas personalidades, mas que coexistem, mais ou menos, pacificamente. deixam-me pelo menos ter uma vida, que vista de fora, pode ser considerada normal.) que hoje passou a ter nome: bombista kamikaze. Ainda não sei se faz sentido o nome, mas gosto e podia ser uma banda de punk rock afegão.
É aquele meu lado que se põe à frente do camião que, sabe-se, não vai travar... e depois de muitos dias ligada à máquina: "ah... podia ter sido pior. .. até nem foi mau cagar na arrastadeira durante um mês..."
Hoje por exemplo deparei-me com uma cena de pancadaria do mais brutal: um no chão e o outro a dar-lhe biqueiradas, daquelas bem puxadas atrás, na cabeça, pernas, costas... foi onde encontrou corpo. O que eu fiz? Saí do carro e comecei a correr para eles e a gritar "parem, parem". Foi quando me lembrei do telemóvel e do 112. E enquanto esperava que me atendessem, o gajo que estava a dar a porrada foi-se embora e eu apercebi-me do seguinte: havia homens e mulheres a assistir a tudo e ninguém interferiu e pior: a mulher do que estava a apanhar porrada estava dentro do carro a ver tudo e só saíu depois do agressor abalar. E eu fico completamente estupefacta.... mas kamikaze que sou a ligar para o 112, a falar com a polícia em frente ao agressor... não é coragem, porque se tivesse pensado não me tinha metido na confusão, como é óbvio...
Kamikaze sou quando sei que vou ser atropelada pelo tal camião com trinta toneladas de merda psicológica mal resolvida e fedorenta e me deixo estar no sítio onde estou ou então coloco-me mesmo à frente da grelha do bicho, para que o choque se dê em bom. É o kamikaze que não é palpável, é o kamikaze que me derruba a moral, a estima, a boa disposição, que me desvia do que eu sou ou então me leva a uma pessoa que sou eu embora não goste de o admitir e/ou, pior ainda, conviver com ela. É a tal pessoa que anda de arrastadeira atrelada durante meses seguidos.
É esse meu lado bombista kamikaze que ando a combater agora. Se não conseguir, dedico-me ao Harakiri, que sempre me parece mais eficaz.

Chama-se a isso caracter, trintona Chery!
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