2010/06/19

1922-2010



Foi aqui, no dia do livro há dois anos atrás, que descobri que gostava muito do Saramago. Nunca tinha pensado nisso. Gosto de o ler, não me custa habituar à escrita estranha sem pontuação virgulas ou letras maiúsculas. É antes um desafio que me dá gozo, muito gozo. Gosto das histórias, dos universos, das personagens... cria-me universos paralelos que duram enquanto as páginas por ler durarem. E mesmo depois do fim das páginas, perduram.

A única homenagem possível e justa é lê-lo. E é assim que o farei. Vou agarrar num dos livros que não li (e felizmente ainda são muitos. felizmente porque posso prolongar o gozo, o prazer) e lê-lo. E apreciá-lo. E lamentar que esta pessoa não vai criar mais.
E produziu até ao fim. E continuou a escrever até que pôde.

Anti-Cristo, arrogante ou pedante, como foi apelidado, não interessa nada. Escritor e cidadão que intervinha quando achava que o devia fazer. Marcou a sua posição. Disse o que pensava. Interviu. Usou o seu direito à indignação. E quem tem a coragem para o fazer? Quem é que hoje, tem coragem para dizer o que de facto pensa? Fez as malas e foi para onde o trataram bem. E castigo maior para quem pouco o apreciou: poucos anos mais tarde recebe o Nobel.  Belíssimo. As ironias da vida são sempre as chapadas mais bem dadas.

E quis viver fora, mas para descansar escolheu o seu país.

Obrigada Saramago.

2 comentários:

  1. Olá! tenho livros dele aqui em csa, mas também não li nenhum. Era um homem com um valor imenso! Pena que o governo de Cavaco e António Sousa Lara o tenham tramado.... para mim não são mais do que dores de cotovelo! beijos

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  2. Ora aqui está o que importa dizer sobre Saramago.

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