Ser criança é não ter problemas. No mundo ideal, as crianças não os têm, ninguém lhos cria e são felizes e brincam e fazem birras por chocolates, bolas, jogos e por mais meia hora de brincadeira antes de ir para cama.
O título que ali pus é um cruel, mas a ser tal como contam, a vida estaria, com toda a certeza, a ser ainda mais cruel com esta criança.
A morte não está na cabeça das crianças como uma fuga aos problemas da vida, pois não? Até porque as crianças nem deviam ter problemas, a não ser os que estão relacionados com os primeiros amores, dores e desilusões que desaparecem de seguida e se esquecem ou o novo jogo de consola ou a dor de barriga por gelados a mais ou a birra por falta de um bolo.
Segundo os noticiários, esta criança já tinha estado no hospital como consequência de uma sessão de pontapés de que foi alvo na escola, pelos coleguinhas.
Como é que o suicídio ocorre a uma criança? Teria ele consciência de que isto era mesmo o fim de tudo ou o pensamento não terá ido tão longe?
Quando vi a notícia a primeira vez convenci-me de que o miúdo estaria escondido nalgum lado e que apareceria assim que ficasse com frio ou com fome. Isto seria era normal, era de criança. O suicidio não é uma atitude de miúdos. Eles nem sequer deviam conhecer o conceito.
Outra coisa que eu tenho pensado: se uma criança com doze anos sofre de tal maneira que se joga a um rio em pleno Inverno, não terá dado sinais de que precisava de ajuda? Não falo de uma verbalização correcta do problema: "mãe, pai levo porrada todos os dias na escola e não me apetece ir lá mais". Falo de sinais, de uma mudança de comportamento, de uma tristeza ou apatia anormais, qualquer coisa...
Impressionou-me um testemunho de uma coleguinha de escola que chorava e dizia: "Ele queixava-se que lhe batiam" entre uma fungadela e outra. Que as outras crianças não atinjam a gravidade e as consequências de umas tareias, é normal: são crianças, preocupam-se com jogos e roupa de marca. Agora que os adultos que rodeiam este miúdo não se tenham apercebido de nada... Que não lhe tenham dado apoio, que não tivessem procurado resolver as coisas (mais que não fosse dar umas chapadas nos miúdos que o enchiam de pancada diariamente - podia ter-se resolvido assim, não?! ou pelo menos tentado)... isso é que me choca e me deixa de boca escancarada.
E agora? Agora toda a gente se lembra que o menino sofria muito, que ele não devia ter feito isto, que os colegas deviam ter impedido o menino de saltar, que a contínua o devia ter impedido de sair da escola, que os meninos não deviam ser maus uns para os outros, mas os meninos são maus e isso não se lhes pode levar a mal. São crianças a quem atam às costas problemas que eles não deviam ter. As crianças são más, são cruéis e infelizmente, também morrem.
Neste teu post senti a mesma revolta que me assola há dias. Incrível que ninguém tenha notado o sofrimento do miudo. A minha mãe ainda hoje se estou mais calada quer logo saber que aconteceu, conhece o nosso comportamento, sabe que não estamos bem por algum motivo, e não desiste até saber o que se passa. E os pais deste miudo? Não lhe viam os olhos tristes? bjs
ResponderEliminarolá! Eu concordo inteiramente contigo. Em primeiro lugar, ainda não entendi, como é que ele tendo um irmão gémeo ( pelo que percebi ele tem um irmão gémeo ), que o irmão não tenha falado com ele, não tenha desabafado. Terá vivido o Leandro, sempre em silêncio? Eu ainda mantenho a esperança, de que ele esteja vivo, que por algum motivo tenha fugido... Pelo que percebi, ele deixou algumas roupas na Ponte... Mas alguém assistiu ao acto de suícidio ou são meras especulações? Confesso que da primeira vez que passou a peça na televisão, eu vi, mas depois não acompanhei... O irmão do Pinto da Costa, disse hoje de manhã, que tudo deveria ser mudado naquela escola, desde o director, até aos funcionários da limpeza , e no seio familiar.... mudança, para que estas situações não pasassem despercebidas. beijos e um bom fim de semana!
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