Há coisas que fazemos plenamente conscientes de que são coisas parvas. Fazemo-las porque há um gozo qualquer na parvoíce, algum tipo de prazer escondido. E essas parvoíces fazemo-las na privacidade (tirar macacos do nariz, saltar em cima da cama, encher páginas de quadrados que depois pintamos um sim um não, vemos uma letra de uma música e cantamos seguindo a letra e tentando imitar as "voltinhas" da voz, agarramos um pedaço de pano e bordam-se letras, palavras ou riscos, só riscos, vemos filmes românticos e deixamos correr lágrimas e ranho enquanto saibam bem, escrevemos declarações de amor assolapadas que se amarrotam de seguida, agarramos no lápis dos olhos e nas sombras e experimentamos maquilahgens impossíveis....)
Há também coisas parvas que fazemos com os outros: falamos com voz de criança, batemos o pé, dizemos as enormidades que nos passam pela cabeça em momentos de aflição ("ninguém gosta de miiiiiiiiiimmmmim....").
E todos estes momentos são guardados na secção das memórias que nos levam a um sorriso, a uma gargalhada, até. As parvoíces são pessoais e intransmissíveis. A maior parte morre connosco, sem que pensemos muito nelas: vícíos ou manias que vamos alimentando... podemos até temer que algumas sejam descobertas...
No entanto, ninguém gosta de ser obrigado a fazer coisas parvas... o outro tipo de coisas parvas. As coisas chatas. Aquelas que não fazem sentido absolutamente nenhum e ainda assim têm de ser feitas. E já se sabe: o que tem de ser tem muita força e o pessoal não tem outro remédio senão executá-las. De cara feia, a contragosto, de mau humor, sem pensar, em piloto automático, com ou sem dedicação, com um sorriso ou esgar de choro, com as duas mãos ou com uma no bolso, gastando energia a amaldiçoar, maldizer, a planear a vingança, a pensar no fim da missão.... Mas fazemos....
Que manias, vícios ou coisas parvas andam por aí? Aceitam-se comentários anónimos e mails, se fôr antiquado/a pode sempre mandar um pombo correio, sinais de fumo, fax ou mesmo um telegrama cantado.
- Gosto de todas essas "parvoíces" que falaste, acções sem finalidade à vista, aparentemente infrutíferas, brincadeiras de criança. Adoro o tédio, o aborrecimento, "il dulce fare niente". Morro de amores pelo tempo perdido e inútil.
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