2009/12/29

Coisas...



A este ano que agora vê os seus dias chegarem ao fim, deram o nome de 2009. E o que se segue, é o de 2010. É assim. Sempre foi, desde o início dos tempos. Porque tem de haver uma ordem. Porque nos damos melhor com hierarquias, numerações, filas ascendentes ou descendentes... tudo está a salvo, se houver uma ordem.
Não sei como começou esta coisa da passagem do ano, esta vontade louca de saltar e engolir passas por mastigar. Não sei quem criou este fenómeno de lantejoulas e foguetes e nomeou o champanhe como a bebida da festa. Não sei porque raio devo estar em cima de uma cadeira ou enfiar folhas de louro no porta moedas, não sei porque devo estar só com o pé direito no chão e porque raio tenho de comprar umas cuecas azuis... (e já agora: as cuecas é para vestir na véspera ou no dia? nunca percebi, mas tive vergonha de perguntar à senhora da Calzedónia)
E antes que me perca em considerações e parentesis (já que tenho essa tendência), volto a pegar no que aqui me trouxe pela terceira vez hoje, cauisando estranheza a quem por aqui tem passado sem que leia nada de novo:
Não faço ideia de quem organizou as festas, de quem colocou o Natal uma semana antes da passagem de ano ou vice-versa. Não sei de onde raio vieram as tradições que tentamos cumprir religiosamente, (sim porque o ano passado quiseram lançar a confusão: cuecas azuis para ter sorte, vermelhas para o amor, brancas para a paz....!!! por favor! é suposto vestir 6 ou 7 pares umas por cimas das outras para garantir que nenhum plano da minha vida ficou por cobrir por esta onda de felicidade e boa fortuna que nos ameaça a todos nesta altura do ano?!)
Ía eu dizendo que não sei de onde vieram as tradições, mas não me interessa nada. Por graça cumpro umas, por um receio estúpido e irracional, cumpro outras... mas a verdade, verdadinha é que isto está muito bem pensado!
Depois de uns meses atribulados, confusos, cansativos... Quando a vida não corre exactamente como o esperado, pelo menos durante uns períodos a que chamamos menos bons; quando perdemos o norte e o sul e nos sentamos no chão a chorar por uma bússola (ou gps, seja)... é bom ter a oportunidade de começar tudo de novo.
Uma altura do ano em que paramos o que estamos a fazer, damos dois passos para trás e decidimos que para o ano que vem vai ser tudo diferente. Planeiam-se os dias, as horas... as viagens. Tomam-se as famosas Resoluções de Ano Novo. 
Compra-se uma agenda nova, imaculada, com as páginas em branco que, imaginamos, dentro de seis meses terá apontamentos ilegíveis, compromissos importantíssimos, marcações de encontros e viagens para ilhas paradísiacas ou metropoles afamadas. 


Eu gosto da passagem de ano. Gosto desta letargia que dura estes quinze dias de festas. Gosto de estar sozinha, de sossego, de calma e tranquilidade acima de tudo. Gosto de estar com os livros e com os filmes. Com o aquecedor e a manta. E enquanto isto dura, vou arrumando coisas nas gavetas, vai ficando tudo mais pacificado. E quando recuperar a energia que é necessária para enfrentar o dia 1, começo a fazer listas de coisas a fazer, do que é preciso mudar, listas de compras, de mudanças que devia operar em mim mesma, de defeitos que tenho, de coisas que devia mudar no mundo (pelo menos no meu), listas de amigos, listas de pessoas de quem gostava de me tornar amiga, decido coisas importantes como: este ano vou ler mais livros, ver mais filmes, visitar museus, ir ao cinema, ir ao teatro, reatar relações que ficaram esquecidas por aí, nalguma agenda antiga.

Sim, o ano novo ou o fim do ano velho, não sei precisar, deixa-me aparentemente triste, aparentemente mal disposta, mas só preciso de tempo. Preciso de me zangar comigo e depois fazer as pazes, engolir os sapos que pus de lado durante o ano e digeri-los, pensar seriamente sobre as asneiras que fiz, sem sentir já o peso do acontecimento recente.... Preciso de tempo, de respirar, de não me preocupar, de café e chá quentes, de mantas e mimos de mim para mim.

2 comentários:

  1. olá! Para mim são dias normais, estes, o de festas.... a passagem de ano é o mais normal possível. Nos últimos dois anos, tenho ido para Caíde de Rei ( lousada ) para casa do meu primo e tios. Como não somos vadios e mesmo quando passeamos, depois do jantar, á uma da manhã, já estamos em casa. Não fazemos noitadas! beijos e um bom ano de 2010 para ti!

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  2. "Ano novo" " ...a industrialização da esperança"

    Nunca erramos , apenas seguimos o nosso caminho.

    Haja festas e festinhas, que do trabalho já estou farto, PORRA!!!!

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