só para esclarecer...

que passo as tardes numa sala vedada a preto, com projectores por cima e gosto! isso é que é o pior.
e amanhã vou para bagdad às 22h....
ou talvez um bocadinho antes.
vive-se a tortura habitual. mas com gosto, isso é que é pior. e há sempre o risco de correr tudo mal. e isso acontece. e não há ensaios que garantam nada. pode haver uma base. menos risco. tentar controlar a cena, o movimento, o figurino, a peruca, a comichão da peruca, os cabelos da peruca no nariz, o fecho do vestido, os saltos das sandálias, o peso dos móveis, o nó do lenço, onde meto os livros, os cd's, os chinelos estão onde nesta cena? a mala tem de sair de cena porque preciso dela a seguir, tudo isto é mais ou menos controlável. e estes "pormenores" podem correr lindamente e, no entanto não vermos nada em cena a não ser um corpo morto, uma marioneta, um boneco de corda, tudo menos uma alma. e é isso que é justo: que haja alma. que seja humana. a glória ou a clara, a catarina ou a sara. que sejam de carne, osso, que não tropecem no cenário, mas que sejam reais. que não sejam eu. tanto quanto é possível. porque entrar noutra dimensão e ser "possuída" são fantasias. ou maus actores. perder o controlo da cena é sinal de não saber o que se está a fazer. e no teatro, como em tudo, não é bom. nada bom.