ele há dias...

... que não são iguais aos outros.
e hoje foi um dia tão desigual.

passei os últimos 15 dias em repouso quase absoluto. o trabalho foi absolutamente nenhum. fiquei quieta, sossegada e quase sem ter de me obrigar. é como se o meu cérebro e o meu corpo entendessem, finalmente, que mereciam uma pausa e que iam aproveitar a oportunidade até ao limite.

até o blog ficou um nadinha abandonado.

dediquei-me ao sofá, ao passeio, ao café, aos livros, aos filmes. não houve saídas nocturnas, não houve quase reuniões sociais, à excepção do ano novo, que não passei em casa sozinha por uma unha negra, (por mais tentadora que me parecesse a opção, desconfiei que antes da meia noite já estaria arrependida...)

estive em recolhimento. tenho medo da solidão, mas gosto dela e procuro-a. é certo que há momentos em que farto, em que choro, mas é quando me sinto sozinha.

e estar sozinha não é o mesmo que sentir-me sozinha...

não me custou nada, não foi uma decisão: acontece-me. e por norma, esta altura do ano dá-se muito a isso: ao recolhimento.

não tomei decisões de vida, não analisei comportamentos ou situações (não mais que o costume), não me questionei (não mais que o costume), só descansei do mundo e dei-lhe hipótese de descansar de mim.

e hoje foi um dia desigual aos outros porque dormi maravilhosamente bem. descansei, mas dei conta de o fazer (não sei explicar bem, mas há noites em que só durmo, não dou conta. há outras, as melhores, em que dou conta do bem que estou a dormir e a descansar, como se saísse, por instantes, do estado de inconsciência e me apercebesse do que está a acontecer-me, apenas para poder saboreá-lo melhor).

fui à procura de casa... a volta do costume: supermercados, agências imobiliárias e vitrines de cafés e lojas, e não encontrei... bebi café, fui às compras, vim para casa, fiz sopa (gosto desta ausência de horários da minha vida que me permite fazer sopa às 15h como se fosse o horário normal para fazer sopa.).

fui beber outro café com o meu livro. sentei-me a apanhar sol através do vidro e o calor (ou se calhar era só a luz) quase que fazia esquecer o frio que está. acabei de ler o livro. e vim para casa cheia de ideias para escrever. (há um horário próprio para fazer sopa?)

não estou a escrever nada daquilo que tinha pensado escrever e isso também me agrada. não tenho regras.

e enquanto o mundo se destrói em mais bombardeamentos e fomes eu consigo ter um dia tão tranquilo como o de hoje.