2008/12/14

Meu Caro Amigo Camolas

Fiz este post no dia em que se festejavam os 60 anos da assinatura da Carta Internacional dos Direitos Humanos. O meu amigo Camolas fez o seguinte comentário:

Falta em primeiro lugar conhecer a Declaração. Onde está? Quem a viu? Conheces o seu conteúdo?, conheces os teus direitos? quem viu alguma vez nas praças das cidades a declaração exposta para que as pessoas a conheçam?

Este comentário andou a bailar-me na cabeça desde que o li. A verdade é que ninguém conhece a declaração dos seus direitos em condições. Não a vemos como coisa pública. Não fazemos caso dela, como se ao dar-lhe importância nada mais restaria senão uma frustração e o posterior conformismo com o seu não cumprimento.
Cada vez me convenço mais que esta coisa dos direitos dos outros e os nossos é muito subjectivo. Há aquela frase que de tão repetida passa a ser uma pedra*, sem mais sentido que o de ser repetida até à exaustão, mas sem ser notada ou entendida, compreendida: "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro". isto pressupõe um bom senso, um respeito para com o outro com que os nossos anos de pseudo-evolução ainda não nos prendaram.
Acho que ao interiorizarmos, de facto, os nossos direitos, mais facilmente identificamos o que não está correcto, mais rapidamente exigimos que a ordem se reponha. Mais facilmente nos vamos sentir no direito de exigir. E, parece-me, que se todos exigirmos, a coisa funciona. Há um imenso pudor em exigir o que é nosso por direito. Como se o que temos fosse mais do que merecemos e ao levantarmos a voz alguém vai reparar nisso e inevitavelmente, acabaremos por perder o que tínhamos conseguido para nós mesmos. Patético.
Assim sendo, aqui fica a Declaração dos Direitos Humanos. Eu já li. Atentamente. E surpreendi-me. Tenho muito mais direitos do que pensava.
E qual é o próximo passo Camolas?!
*ideia roubada à Aparição de Virgílio Ferreira

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