com qualquer coisa pequena, encantas-me
com insignificâncias do corpo, das tuas mãos
com gestos que não levas adiante, que ficam perdidos na confusão que são as mãos, a imensidão de dedos que atrapalham
encantas-me
com a bruteza das coisas
como dizes as palavras, aquelas, as proibidas
a candura com que adormeces e como procuras o meu corpo no meio dos trapos a que chamamos lençois.
como afastas os pés porque estão frios, quando o que eu quero é juntá-los ao meus para que a temperatura seja a mesma.
encantas-me
pairo acima do nível permitido.
e não sei quando o fio se parte, se quebra
sei as dores com que fico no corpo quando se encontra com a calçada, com as pedras frias, irregulares.
as negras que doem como tudo
e depois tu voltas, encantando-me, voltando a pegar em mim e a largar-me no tal nível improvável
que não me pertence
7 fev.08
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