2008/08/01

se as coisas são de duma certa maneira, eu adapto-me. desfaço-me em mil pedaços e volto a montar tudo, de uma forma mais adaptável.

de forma a simplificar o que quero dizer (para meu próprio bem): neste momento vejo a adaptação como o resultado da combinação de duas construções verticais independentes e compactas. Se estas duas construções não encaixam na perfeição é necessário fazê-las tocarem-se no maior número de pontos possível. É então que cada uma destas construções verticais se maleabiliza. Se pensarmos em duas construções de lego será mais fácil de entender o que quero dizer. Cada uma das peças encontra um melhor local para se instalar. se a junção ou melhor adaptação, não ficar perfeita (nunca acontece), fica menos imperfeita. Nos pontos onde não é possivel encaixar de facto, entram em acção coisas como: tolerância, às vezes ouvidos moucos, outras olhos cegos...
esta adaptação, esta mudança de lugar de peças ou pecinhas, não significa falha de personalidade, ou de carácter. Aliás, alguém que se recusa a reajustar peças parece-me inflexível, intolerante. e normalmente atribuo esta incapacidade a uma auto-confiança fraquinha. tal como o contrário também é verdade. ou seja, se uma pessoa se auto constrói à medida do que pensa que se espera dela, das duas uma: ou quer qualquer coisa em troca (e aqui é hipócrita, falsa, interesseira) ou é mesmo a única forma de se relacionar temendo um abandono por parte dos outros. Em qualquer um dos casos, não é a isso que me refiro.
refiro-me à tolerância, à adaptação necessária à vivência em comum.
eu faço um esforço para ser tolerante, para não relevar coisas que não o merecem, mas claro às vezes as garras vêm para fora. às vezes a tolerância é zero. às vezes esperneio por nada. mas tento e esforço-me para coexistir com os outros sem dificuldades. essa minha vontade e esforço às vezes são interpretados como falta de vontade própria e isso não me chateia muito. chateia-me que convencidos dessa suposta submissão, entendam que não se justifica o respeito enquanto indivíduo que sou e tomam-se de poderes que lhes não pertencem. e aí muno-me de mais tolerância, de mais ouvidos moucos, olhos cegos para o que penso não ter importância. e isso leva a que quando me dou conta os meus pedacinhos já não estão bem numa construção vertical, antes diagonal a caminhar para o horizontal. pelo menos àqueles olhos e provavelmente na verdade. aí é muito mais dificil recomeçar. até porque se me adaptei até ali, é dificil às pessoas perceberem porque é que de repente já me parece demais. é o momento em que preciso de fazer com as coisas se adaptem a mim.

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