O realizador é o senhor Neil Jordan o mesmo de Mona Lisa e Entrevista com o Vampiro - As Crónicas, que não vi.
O enredo é pouco mais que banal: a vítima de um crime brutal torna-se numa vigilante, numa vingadora. Jodie Foster está muito bem, como sempre, aliás. Sempre a maria-rapaz sexy, durona e frágil no mesmo segundo.
A riqueza do filme está na perspectiva que dá a esta coisa de termos um estranho dentro de nós, que por um motivo ou outro toma controlo sobre o corpo. Alguém a quem não reconhecemos. Vemo-nos a tomar decisões a agir de forma inesperada sem que o possamos impedir.
No caso do filme o acontecimento que despoleta esta noção de haver alguém que somos nós, mas que não reconhecemos, é extremo: um sofrimento imenso de perda. No entanto, quantas vezes não assisto à minha própria vida de fora? como se alguém estivesse no meu lugar? quantas vezes não sou surpreendida pelas minhas reacções? como se fosse impensável para a pessoa que sou ou que penso ser, agir de determinada forma? e não preciso de nenhum acontecimento traumático.
O filme fala do medo. de viver com medo. de resistir-lhe, enfrentá-lo.
Muito bom não pelo filme em si, mas pelo que nos leva a pensar. Ou pelo menos, levou-me a mim. E se calhar isso já faz dele um bom filme.

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