porque hoje é dia de decisões, visto ser domingo

A Avenida da Liberdade está a arder.

a semana que passou foi muito rápida, nem dei por ela. de repente já era fim de semana. e eu sem me aperceber. como se andasse todos os dias a pairar uns metros acima da minha cabeça. a ver tudo de cima. sem me envolver. à distância. não dei conta de me irritar, de ficar feliz ou triste. não vivi.

às vezes consigo fazer isto, mas é sem querer... não é uma habilidade minha. é só uma coisa que me acontece de vez em quando: deixo de viver.

pronto. são três prédios. mas é um incêndio. e é a avenida da liberdade.

e isto chateia-me, porque eu sou uma apologista teórica do carpe diem. do viver, do sentir tudo, mesmo o mau (até porque me dá jeito por questões profissionais)... claro que isto por vezes leva a angústias e sofrimentos desnecessários. ver o abismo e achar que o melhor a fazer em nome de uma vida com sentido e cheia de acontecimentos, é dar o passo que falta para a queda abrupta pela escarpa abaixo.

decidi então que esta semana tudo será diferente. vou acordar e abrir os olhos. esfregar água gelada na cara e ver tudo com olhos de ver e com a sensibilidade à flor da pele. é que isto de mergulhar para dentro não é muito satisfatório e leva-nos a um isolamento idiota que previne algumas dores, mas afasta qualquer hipótese de gargalhar até às lágrimas... e só por isso, mais vale uma dor aqui outra ali.

e inevitavelmente o chiado vem à memória.