Uma prenda para ti porque, apesar de tudo, que mereces. E foi de ti que me lembrei, porque este é o Outro, o que não é teu.
Vi os olhos da lua numa noite sem lua; e
os dedos do sol num dia sem sol. Vi o seu
desenho inscrito nas nuvens do crepúsculo:
o rosto cego da lua, os braços apagados do
sol. Levei os dedos do sol aos olhos da lua,
e abri-os: num movimento de pálpebras,
o dia fez-se noite. E adivinhei a cor dos
teus olhos de lua com os meus dedos de sol.
Esperei por ti na confluência das nuvens
do poente. Vi-as descerem até ao mar com
seus ventres carregados de água; e vi o
dorso do mar subir até elas numa rebentação
de maré cheia. Ouvi o mar e o céu juntarem-se
num gemido de amor; e tapei os ouvidos ao
grito do orgasmo celeste, com o sangue da tarde.
Enganei-me nos caminhos que me levavam
ao céu; troquei as voltas que me traziam
ao mar. Sentei-me contigo na terra da noite,
sem lua nem sol; e o teu rosto de pálpebras
fechadas trouxe-me o sol, para que te abrisse
os olhos com os seus dedos de fogo. Entrei
no seu doce subterrâneo, longe da lua e do sol.
Nuno Júdice
O blogue está mesmo com cara nova, talvez...
ResponderEliminarMocho. Animal noctívago e símbolo de sabedoria. Esse moço anda com sorte é o que é.
ResponderEliminarmiguel rr:
ResponderEliminartá pois com cara nova. Fiz alterações no palácio, cortei o cabelo, e mudei o blog... e no entanto, estranhamente (ou não) continua tudo tão diferente e tão na mesma!
rarash: é mais pela última que pela primeira. :)
acho que receber um poema de prenda não é tanto sorte, mais merecimento! :)
É a sorte de ser reconhecido. Por vezes não nos dão o devido valor.
ResponderEliminarDe ti, só poderia ser pela sapiência, pois´será o mais importante, para alguns de nós
Até mais logo
nem tanto rarash, nem tanto... ;)
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