depois de beber o café (na verdade foram dois) ao sol, protegida do frio, fingindo que é verão, porque só o calor me chegava, o calor e a luz, regresso ao palácio.
regresso com fome. mesmo com um almoço tardio, a fome ataca-me.
vou comer umas bolachitas, para entreter.
xiii, se estou molenga.
e percebi a razão da neura:
sou adulta. ou é suposto ser e tento comportar-me à altura, mas é difícil.
e sou só eu que finjo que está tudo bem?
desde sempre pensei que a partir do momento que fosse adulta se acabavam as dúvidas, os problemas, os dilemas. e até agora: nada.
das duas uma: ou a minha certeza era falsa, ou não sou adulta.
palpita-me que é a primeira.
pois se as dúvidas são cada vez mais, pois se as perguntas se amontoam no lugar delas e ameaçam espalhar-se pelos lugares de todas as outras coisas que guardo na caixa, pois se as certezas se desvanecem a cada passo que dou...
e cada vez me convenço mais e mais que esta solidão não é só minha, está em todos com quem me cruzo, mesmo os mais convictos, os mais seguros, os mais (aparentemente) estáveis. e cada um encontra a forma mais confortável de lidar com ela (a solidão). e tenta camuflar da melhor forma o vazio (por mais pequeno que seja anda por lá). e tudo porque fui ao centro de saúde sozinha, fiz análises, esperei, sozinha, fui atendida, fui observada, sozinha; descobri a farmácia de serviço, aviei as receitas, fui para casa e tive um ataque brutal de choro! mas sou adulta, e isto é perfeitamente normal. e eu encaro isto tudo de uma forma muito normal. choro, é certo, mas sei que é perfeitamente normal.
não?!
Minha querida! O colo não tem idade. Quando faz falta, não há que negar. O problema reside sim, se quando precisas dele, tens alguém que te dê, como fazem as nossas mães connosco ao longo da vida.
ResponderEliminarQuanto ao resto, garanto-te que o que que sentes, é comum a todos. Não sei que raio se anda a passar, mas tal como tu, também reconheço no rosto das pessoas, menos vontade de viver.
Beijos e abraços quentinhos
pois é... a falta que faz o colo!
ResponderEliminare encaramos com cada vez mais normalidade este vazio em cada um de nós. é triste... ou sempre foi assim?