2008/03/30

vícios ao domingo

Hoje dei o gosto ao olho e ao vício. Sentei-me a uma mesa de café sozinha com um livro de poesia: Nuno Júdice, um bom vício. devorei-o do início ao fim.
Saí do café a pairar. Já não o fazia há muito tempo.
É estúpida a forma como facilmente me esqueço de fazer coisas que me dão prazer.
Vou escolhendo poemas com post-its, e nem sei para quê. Escolho-os. E ficam ali marcados com um papel amarelo à espera de... que lhes aconteça alguma coisa. Que eu decida passá-los para um papel que colo na parede da sala, em frente à mesa, para poder lê-los muitas vezes. Que eu escolha uma ou outra frase e a copie com um marcador para os azulejos da casa de banho. Que faça um novo blog com palavras alheias...

Lembro-me perfeitamente do dia em que descobri a utilidade dos poetas.
Foi com um poema do Fernando Pessoa, não sei qual, a minha memória não é assim tão eficaz.
Eu li, li, reli, memorizei alguns versos concerteza, que já não recordo. E faziam tanto sentido. Era aquilo que eu queria dizer. Era o que estava na minha cabeça, era o que eu estava a sentir, e que não parava de andar pelo cérebro sem que eu pudesse traduzi-lo em palavras. E estava ali naquelas folhas velhas de livro a desfazer-se, roubado em segredo da prateleira do pai. (já o devolvi)
E a minha descoberta fantástica foi: "Os poetas dizem aquilo que queremos dizer e não temos forma de fazer."
Lá está! uma descoberta para mim, provavelmente uma evidência para o resto do mundo.

Recebi uma carta na quinta feira. Uma carta de uma amiga com quem trocava frequentemente missivas, à moda antiga. Uma surpresa tão boa. Outra coisa que tanto prazer me dá e já me tinha esquecido: receber cartas.
Vou retribuir. Uma carta escrita à mão metida num envelope, com um selo e um carimbo.

2 comentários:

  1. Deixou-me com saudades de uma carta escrita à mão! Confesso... q fiquei a pensar em quando escrevi a ultima!

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  2. sinceramente, acho que só escrevi uma! pelo menos que me lembre...

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